Uma Reflexão Sobre o Natal

14 de dezembro de 2012 - 14:16

Certo dia, num desses momentos de inspiração às vezes tão raros, e os agradeço a Deus, sai com esta frase: pensei que a vida já houvesse me ensinado tudo. Mero engano!

O tempo termina sendo um grande mestre, nos clareando caminhos, ensinando a suportar os cotidianos reveses que atormentam a vida, nos impondo a pensar soluções.

Vivemos um mundo em que as máquinas raciocinam e os homens, pobres homens, foram inumanizados!

Hoje viramos códigos, sinais, números! Todos somos um @.com.alguma coisa. Os valores se inverteram, o mundo ciberneticou! Os androides, lá dos remotos tempos de Júlio Verne, chegaram mais cedo do que a mais excelsa mente humana poderia imaginar. E sabermos que fomos nós seus idealizadores e construtores! Não é que devamos ser contra os avanços tecnológicos que a modernidade impinge. Interessa, tão somente, que nos importemos também com as pessoas, pois ainda somos gente. Até quando? Sabe Deus!

Em que programa, então, salvaram a solidariedade? Qual a tecla que acessa o perdão? Onde foi parar o arquivo que contém a pasta da compreensão? E o amor, esquecido numa lixeira qualquer, quem há de recuperá-lo?

Todo ano temos um ano para nada fazer, um natal para pensar e zero segundo para agir! Somos, à nossa ótica, os melhores, mais santos, solidários, amantes a Cristo e seus ensinamentos. Enquanto isso, Ele padece, na sua porção humana, tal como na dolorosa Via-crúcis, certo de que não deve ter valido muito à pena ter vindo!

A hipocrisia, de há muito assumiu papel preponderante. A praticamos em todas as formas e matizes. Igrejas, Governos, sociedade, somos todos impostores, fingidos e simulados.

Defendemos nossos interesses pessoais, como se a humanidade dependesse deles para existir, ou sobreviver, o que é mais grave!

Todos estamos dispostos a tudo, desde que o individual seja cada vez mais individualizado. Porque dividir com o menos favorecido se podemos ser cada vez mais ricos e poderosos? Porque entender, porque perdoar, porque gastar tempo com alguém que não tem o mesmo poder que nós, ou desfruta de idênticas condições socioeconômicas, se não têm, enfim, nada a nos oferecer?

Como fica, pois, o natal? Não era para ser o momento de rever valores, avaliar atitudes na pureza dos sentimentos mais nobres?

Fomos mesmo criados à imagem e semelhança Divina, ou distorcemos o projeto ao longo do caminho? Esta culpa nos cabe, certamente, pois Ele, do alto de Sua infinita bondade, nos deu inteligência e, portanto, capacidade de optar!

Mas não há de ser nada. Vamos prometer tudo novamente? Vamos esquecer um pouco as luzes, aquela criancinha linda, de olhos azuis e cabelos louros das manjedouras nas mesas de cristal e olharmos pela janela de nossas casas para vermos o verdadeiro Cristo faminto, descalço, esquelético, olhar distante, sem ter aonde reclinar a cabeça, como lamentou nos Evangelhos? Vamos pelo menos oferecer um pedaço de pão que não seja amanhecido e sobejado da nossa gula matinal?

Certamente assim não estaremos fazendo apenas o natal, natal das crianças, nem das noites de luz, faremos sim, o natal da vida, o Natal de Cristo, o natal nosso de cada dia, o verdadeiro Natal do Menino Jesus, o Natal do Jesus Menino…

 

Rubson Mendes

11.12.2012